segunda-feira, 7 de julho de 2008

Melhor morrer de vodca que de tédio!


Maiakovski, poeta russo.
modernismo. futurismo (seja lá o que isso for...). dureza. doçura. revolução. suicídio. amor.
Tantas palavras cabem pro poeta que transava as palavaras, que conversava com o sol na datcha...
Sempre que vejo essa foto eu procuro a doçura de Maiakovski. Sim, não vou negar que se sobressai uma expressão tresloucada, furiosa. Visceral talvez? De dar medo...
Maiakovski, na minha opinião, é um dos poetas "mais poeta" que já pisou no chão do mundo. Uma vida sofrida, a decpeção com o governo, a tentativa de subversão às normas, por amor...
É... era bem moderninho o nosso poeta. Viveu a três, Lília, sua grande amada e Ossip, o marido dela... e sei lá se bancou isso. Mas ainda assim não arrisco palpites para o suicídio do poeta... Ciúmes de Lília? Desilusão com o governo?Problemas de saúde? Falta de perspectivas...ou.... transbordamento de lírica? .....
Eu, neste caso, recorro a ele, às palavras tecidas no corpo, nos órgãos, prefiro falar versos...e não fatos!
A FLAUTA VERTEBRADA
A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
(tradução: Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)

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