sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

pensamentos desagregados

(1)
Entre a Dublin de Joyce e o sertão de Guimarães... Talvez a vida seja realmente essa busca incessante de (des) integração do nosso quebra-cabeça sélfico. Talvez... e me pergunto, diante destes ensaios de epifanias, nas minhas noites mais recentes... do que sinto tanta falta?
Gosto dos acordes do velho Dylan clamando pelo mágico e necessário Mr. Tambourine Man, do piano e da voz rouca de Tom Waits, da descontinuidade de alguns quadros do Kandinsky que me traz sensação de: “aqui dentro, junta tudo”... gosto das entranhas dissecadas ressoando como a ‘música das caixinhas de música’ de Clarice e da configuração labiríntica do ser em Pessoa (muito mais do que em qualquer filósofo chato e cansativo). Gosto de muita coisa.
E aí, me pergunto: gosto de tanta coisa... e de onde vem esta nostalgia?

(2)
Aquilo que não se vê

Não interessam
tantas coisas
pra esta poeta
Somente
o que cabe,
por hora,
desfaz-se
em lirismo
pressente-se
em brilho,
tons
entrepostos
e nuances
desveladas
Sim...
Só me interessam
aquelas coisas
que não se pode ver
mas se sente
tanto...

E eu não sei mais
do que preciso
pra sobreviver
Acho que de nada mesmo.
Ou somente
do que, no momento,
me interessa,
Aquilo que não se vê:
o espaço do entre
a ser preenchido,
o desvio das rotas
imaginárias
e o conteúdo
etéreo
das reticências...

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