quase nunca falo sobre o meu trabalho no blog, mas às vezes dá vontade. porque o que me mantém na dita 'área social' são as nuances. aliás, o que me mantém em muitos lugares e com muitas pessoas são sempre as nuances (inclusive as minhas!).
dia desses me chamaram para dar as duas aulas de encerramento de um curso que é uma parceria com a secretaria estadual do trabalho. esse curso é direcionado principalmente para adultos e idosos que estão afastados do mercado, e em quase todos os casos afastados há muiiito tempo dos bancos da escola.
trabalhei com a turma dois dias e senti uma puta saudade das minhas raízes de educadora popular. tenho certeza que aprendi muito mais com aquelas adoráveis pessoas, com cada história de vida, cada olhar de deslumbramento a cada informação desconhecida e principalmente com uma força que mexe comigo... de quem já levou tanta rasteira da vida e mantém o movimento, a curiosidade, a vontade de descobrir sempre um 'algo mais' que a sábia vida nos reserva.
no fim do curso meus olhos encheram de lágrimas...acabei ganhando um presente (uma caneta artesanal, em forma de flor) depois de simples dois contatos, daí pensei: gratidão... gratidão por trabalhar com gente assim. Gente que não tem medo de ser afetuosa, de demonstrar o que sente, de acolher o que é diferente, gente que com simples olhares me ensinou o exato sentido da palavra gratidão, mais do que nunca.
Porque a gratidão hoje em dia é totalmente posta de lado. Ora marginalizada, ora encarada como uma obrigação cristã e falsa. Eu entendi, nesses dois dias, o que é gratidão humana. Sem querer nada em troca. Sem sentimento de superioridade. Sem sentimento de inferioridade. Sendo simplesmente gente que se relaciona, que troca, que sente.
e o mais bacana é que venho percebendo que aqui dentro cabe cada vez mais e mais gratidão, mais amor. e ser assim pode até querer dizer ser ingênua, mas ser acima de tudo 'de verdade'. ressentimento não cabe mais em mim, me faz mal. ele até bate, mas não fica...não consigo mais deixar ficar. bonito sentir que está se compondo uma nova sinfonia, e que, sem sombra de dúvidas é a que tem mais de mim.
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