segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

do dia-a-dia

Nove horas. acordou precisando de um café e de uma história. Talvez precise mesmo de uma história de cabelos castanhos e encaracolados, como aquele cara que anda difícil de tirar da cabeça... Talvez a pedida seja, de fato, essa: uma história, meio-real-meio-inventada. Com fundo musical que poderia ser alegre... por que não? chega de música deprê... e sai assoviando pela casa, procurando por qualquer coisa que a alimente.
Conclui inesperadamente que possui repertório para qualquer tipo de história: a noite, as relações, os sentimentos verdadeiros, a estrada, o movimento... o sol imenso que ela permite que aqueça o seu rosto e a caneta representando mais do que um instrumento de trabalho. Uma extensão do seu corpo.
São Paulo é sim uma cidade que favorece a solidão - pensa - pelo menos a sua. Pensa em um final drummondiano do tipo 'essa lua e esse conhaque botam a gente comovido pra diabo' - era isso? Mas, lua não há, e o conhaque está sendo substituído por uma garrafinha de água nesse calor infernal.
Recorda-se do seu amigo poeta parafraseando Riobaldo: 'viver é muito, muito perigoso, Joanne' e sorri ao se lembrar que gosta de perigos desavisados. Como os que residem nos olhos do poeta, por algum acaso. Como os que estão no homem-humano, como os que nos fazem em travessia.
Não há final drummondiano e nem mesmo epifania roseana para fechar a sua história. Na real está lendo bukowski de novo, como se ainda tentasse de alguma maneira se referenciar pelo que é decadente (é..acho que não dá mais). Ela só abre os braços. Lê o velho Charles, revistas de biodanza, artigos de psicologia política, trabalhos dos seus alunos, um livro sobre o tarô de marselha, lembra das diferentes nuances daqueles cabelos, cria quando acontece, sente falta das montanhas ... e segue inadequadamente... feliz?
Final da história para quê?

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