terça-feira, 31 de maio de 2011

*encontro*

E... ali estávamos nós dois de novo. Eu e ele, na mesma perspectiva retilínea desse horizonte encantado que de linear não tem nada.

O que não tem final sempre me atraiu, desde criança. Gestalts não fechadas, histórias inacabadas, o porvir circundando, espiralando...
Eu e o sol. Numa relação quase íntima, por que não? Numa integração inexplicada, meio que fundida. Minha pele precisa de calor e de contato. Sim, neste momento, a leitura expansiva que o sol faz sobre mim é o suficiente.

Já fui muito mais o entardecer, confesso. Mas atualmente eu posso afirmar categoricamente que é no nascer do sol que venho encontrando o meu ápice de felicidade descomprometida. E, sobretudo, é onde eu venho me encontrando. A vida, de vez em quando, nos interpõe vias de acesso fluído para essa difícil tarefa. E digo: aos 28, comigo, é assim.

Quando digo que só preciso do sol nascendo, meus amigos falam: 'meio hippie isso, né Sometimes?', ou como a Fer disse: 'eu acho q vc está numa fase George Harrison' rs...

Não sei. Só sei que preciso do sol ascendendo e iluminando todas as minhas perspectivas.

Talvez isso se dê por eu ser leonina com ascendente em sagitário (dois signos do fogo). Talvez isso se dê porque deveria ter sido sempre assim. É o que minha intuição me dita.

Clarice escreveu uma vez que 'não se conhecer exige coragem'. E daí que eu penso: 'E se conhecer, exige o que?'

Sem respostas enquanto o sol reflete na minha pele clara, assim como sem resposta eu ficava, num passado não tão remoto, quando as luzes neon de algum club vazio no centro da cidade também refletiam por aqui. Eu, o sol. Nos deixem sozinhos.É só um pouco.

Celebro em silêncio...

Sem respostas, mas tateando um perímetro difuso do que pode se mostrar como verdadeiro, para mim. E se desenrola um punhado de todas as referências poéticas que guiam minha vida: "Comigo a anatomia ficou louca - sou inteira coração..." Era mais ou menos isso que o Maiakovisk escrevia energeticamente, em russo. Ou então: "...Brilhar com brilho eterno. Gente é para brilhar! Este é o meu slogan. E o do sol."

E eu, sempre tão inadequada, me sinto enfim, acolhida. Nesta manhã sou apenas sentimentos.

E, mais nada.

3 comentários:

Carlos Lacerda disse...

Brilhante, (com perdão do Sol)


O seu texto é para sentir, não para comentar. E sentir em silencio, pois as palavras, para quem como eu, não as domina, são toscas e insuficientes, para expressar a minha admiração.

A sua mensagem chegou ao Sol e sei que ele corou de prazer.


Queremos mais.

(Você deixou a Lua enciumada)

Joanne Sometimes disse...

muita alegria em encontrar seu comentário aqui!
gratidão. :)
(um dia ainda faço um para a lua!!)

Guto disse...

Olhar o mundo da sua perspectiva lírico-desagregada (rs. lembra?)tem feito falta por aqui. Olhar você também. Você é linda, em todas as direções e sentidos. Sua poética também.
Deu vontade de sair no sol e abraçar a vida...já que você está longe
beijo ensolarado