Morar no centro da cidade vem favorecendo que eu, gradativamente, retome o meu relacionamento afetivo com São Paulo. Assim mesmo, em meio a relacionamentos providencialmente desmoronados, e tantos outros se solidificando com beleza. É bacana estar só neste momento da minha vida. Eu e a cidade. Eu e os pedaços de papel que venho resgatando aos pouquinhos, para preencher com minhas letras ávidas por movimento. Eu e os pedaços de mim mesma, cada vez mais estranhamente integrados, esvaidos...recuperados. Eu. A cerveja no bar da esquina e a conversa perdida numa madrugada qualquer. As conclusões descabidas, tercerizadas, compartilhadas, sem nenhuma razão de ser. Amizade. A lírica que toma forma no afeto do meu acolhimento insistente, descabido. Tudo cabe aqui dentro. Aconchego e Insanidade conversam de maneira cada vez menos intempestiva. No hay disputa.
Os personagens dessa história ganham vida nas nuances do meu autoconhecimento, redescobrimento. Reforma. Re.atado. Estar só no centro permite que eu saia de cena,quando assim for escolhido, para ocupar-me de mim mesma...
Da gincana existencial das tarefas diárias. Do comunicar-se que não acaba mais: tenho minhas aulas para preparar, tenho trabalhos para corrigir, tenho corações para despertar...e minha fé sem tamanho para fomentar. Sensação de 'estou voltando para casa', como nunca antes percebida.
As luzes da cidade vistas da janela do 14o andar luminescem aqui dentro. Resplandecem todas as possibilidades vindouras. Sorrio nesta noite fria. Em que o relógio da Paulista marca 13 graus.
Não tenho nada a perder e muitas coisas ainda a serem descobertas e vividas. Ensaio de fórmula. Às portas dos 30. Balzac me chamaria de...
Eu. Eu me reconheço neste fragmento, interceptado por milhares de conexões não lineares. Hoje estou com preguiça de pensar em como os olhos dele me faziam bem e a barba por fazer deixava meu queixo áspero. e de todo o resto... Estou na via, nos centros. Dissipada. Disposta, sobretudo. Viva.
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