quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

nocaute emocional

Assisti ao filme "Amor" totalmente às cegas. Cheguei no cinema e era o filme disponível no horário mais próximo. Depois que terminei, li um comentário em um poster que definiu de maneira certeira a minha sensação: 'nocaute emocional'.
Sinceramente não pesquisei atores e diretores para escrever sobre isso, já que a tônica desse relato são os registros sensoriais  impressos...
 A  perspectiva de amor abordada durante o filme coincide com algumas nuances da minha maneira existencialista de me relacionar com a vida. E tocou fundo. Revisitei uma série de situações durante o filme:  as que já passaram, as presentes, futuras e algumas que nem sequer existem. Espiralando pela noção de tempo-espaço, saí da sala precisando urgentemente de um vinho seco.
E tudo se desprendeu.... e se integrou: A cadência das sensações, da agudeza do sentimento desperto diante dos nossos limites, nossas fronteiras. Da proximidade do fim. Do esgotamento da compreensão. Do amor transpondo o sofrimento próprio, do outro, da ética certeiramente (des)contextualizada...
Seco, (francês), certeiro, indiscutível, limítrofe, profundo. Quero escrever tudo e nada sobre este filme. Quero (des)organizar o meu registro em conforme o que me foi desperto.
Relacionar-se profundamente com o contexto do filme é para poucos. para os fortes... que reconhecem toda a gama de fragilidades às quais estamos sujeitos.
Sentir o amor de uma perspectiva tantas vezes oculta, tantas vezes negada. Por doer. Sentir o amor. Cru. Espalhando todos os paradigmas idealizados pelo chão da sala. Revelando o essencial que estava por debaixo dos tapetes e dos tacos antigos. Justo eu, que sempre tendi a refutar essências: me vi pega. Eu me vi. Vivi a estranha sensação de empoderamento pela certeza de que o amor romântico não existe. E nem por isso a vida pára, ao contrário...ela continua, com cores mais vibrantes e com muito mais de mim. Senti uma certa comoção ao constatar novamente que algumas pessoas entendem o amor como um subterfúgio, como um artifício forjado que supostamente oferece salvação e alívio ao tédio e ao vazio que se transpõem as suas existencias.... Não entendi ao notar que há pessoas que entendem o amor: elas o compartimentalizam.
Sorri ao me lembrar  de todos os meus conceitos aparentemente construídos a respeito do amor: eles escoaram vinho-seco abaixo... e eu me (des)envolvi.

Nenhum comentário: