Quando 'Control' saiu no cinema, mais ou menos no meio do ano, fiquei louca pra assistir. Não deu tempo. Sim, o tempo sempre atropelando...
Assisti ao filme agora...uns 5 dias atrás. Na manhã seguinte, eu ainda estava triste... e não sabia o porquê.
Eu curto Joy Division há alguns anos... e não só o Joy, como as histórias que os envolvem. Desde os motivos para o nome da banda até o nascimento do 'New Order', após a morte de Ian.
Ian Curtis - o 'Control' fala sobre a vida dele: branquelo, olhos tristes, bonitinho daquele tipo 'shy', e mais milhares de adjetivos que não quero ter a responsabilidade de escrever.
Ian tinha um certo fascínio pela segunda guerra mundial, pelo Bowie, Lou Reed, Iggy Pop, Kraftwerk, pela poética de Burroughs, J. G. Ballard, Wordsworth... uau!
Talvez ele realmente tenha assumido, na sua vida, a posição de um cara que nasceu para morrer cedo. Cometeu o suicídio aos 23 anos, enforcado.
As letras do Joy Division trazem toda esta poética acinzentda que eu reconheci durante o filme... so fucking blue, a dialética entre as cores cabe nesta descrição. 'Disorder', minha favorita deles, talvez nem seja a mais profunda, se é que existe uma que contemple este posto...'She's lost control' ou 'passover', nas quais as referências às crises epilépticas aparecem com mais evidências, 'Love Will Tear Us Apart', que mesmo sendo a mais hitzinho, surge com seus acordes envoltos numa atmosfera triste... com aquela bateria evidente, baixo melódico e ecoante, e tudo mais... e arrepia, quando aparece no contexto do filme.
"Mother I tried please believe me,
I'm doing the best that I can.
I'm ashamed of the things I've been put through,
I'm ashamed of the person I am.(...)
But if you could just see the beauty,
These things I could never describe,
These pleasures a wayward distraction,
This is my one lucky prize. " [Isolation]
Talvez o Ian realmente não tenha bancado tantas coisas... o sucesso despontando, o casamento fracassado, a divisão entre Deb e Annik, as crises de epilepsia... É sempre impossível tecer opiniões deterministas sobre o suicídio de alguém.
Mas uma coisa eu me sinto quase que obrigada a dizer... Até o suicídio do Ian foi, em algum nível, poético, ao som do 'The idiot' do Iggy Pop, que por sua vez, ainda colhe referências do romance homônimo do Dostoievski.
É...Atmosphere, última música tocada no filme, também teve seu clipe dirigido por Anton Corbijn, que é o diretor de Control. Deborah Curtis, esposa, co-produziu o filme e escreveu o livro "Touching from a Distance", no qual o filme foi baseado.Sam Riley, o ator que interpreta o protagonista é tão perfeito, que eu diria "digno de uma sessão espírita".
Eu li Joy Division/New Order - nada é mera coincidência, da Helena Uehara... o título que mais me atraiu na Feira do Livro que fui ano passado, em Ribeirão. É um livro fácil, rapidinho, e cheio de referências legais pra quem curte os desdobramentos do Joy, na Nova Ordem...
+++
“Então é isso, a permanência - orgulho estraçalhado pelo amor / E aquilo que uma vez foi inocência, virado e deitado de lado / Uma nuvem suspensa sobre mim marca cada momento / No fundo da memória, aquilo que uma vez foi amor / Oh, como acabei por perceber, como eu queria tempo / Colocado em perspectiva, tão difícil de encontrar, eu tentei / Só por um instante, pensei ter encontrado meu caminho / O destino desdobrado - foi o que vi escorrer do meu alcance / Pontos de luz em excesso, além de todo o alcance / Exigências solitárias por tudo que eu gostaria de guardar / Vamos dar um passeio fora daqui, ver o que encontramos / Coleção sem nenhum valor de esperanças e desejos passados / Nunca imaginei as distâncias que teria que percorrer / Todos os cantos mais escuros de um sentido que desconhecia / Só por um instante, ouvi alguém chamar / Olhei para além do dia, que jazia em minha mão / Não há absolutamente nada por lá... / Agora que percebi como tudo saiu errado / Tenho de achar alguma terapia, este tratamento é muito prolongado / No fundo do coração do lugar onde a simpatia reinava / Tenho de encontrar meu destino, antes que seja tarde demais...”. [tradução da música 'twenty four hours'] ou, a carta de despedida de Ian... é isso.
Assisti ao filme agora...uns 5 dias atrás. Na manhã seguinte, eu ainda estava triste... e não sabia o porquê.
Eu curto Joy Division há alguns anos... e não só o Joy, como as histórias que os envolvem. Desde os motivos para o nome da banda até o nascimento do 'New Order', após a morte de Ian.
Ian Curtis - o 'Control' fala sobre a vida dele: branquelo, olhos tristes, bonitinho daquele tipo 'shy', e mais milhares de adjetivos que não quero ter a responsabilidade de escrever.
Ian tinha um certo fascínio pela segunda guerra mundial, pelo Bowie, Lou Reed, Iggy Pop, Kraftwerk, pela poética de Burroughs, J. G. Ballard, Wordsworth... uau!
Talvez ele realmente tenha assumido, na sua vida, a posição de um cara que nasceu para morrer cedo. Cometeu o suicídio aos 23 anos, enforcado.
As letras do Joy Division trazem toda esta poética acinzentda que eu reconheci durante o filme... so fucking blue, a dialética entre as cores cabe nesta descrição. 'Disorder', minha favorita deles, talvez nem seja a mais profunda, se é que existe uma que contemple este posto...'She's lost control' ou 'passover', nas quais as referências às crises epilépticas aparecem com mais evidências, 'Love Will Tear Us Apart', que mesmo sendo a mais hitzinho, surge com seus acordes envoltos numa atmosfera triste... com aquela bateria evidente, baixo melódico e ecoante, e tudo mais... e arrepia, quando aparece no contexto do filme.
"Mother I tried please believe me,
I'm doing the best that I can.
I'm ashamed of the things I've been put through,
I'm ashamed of the person I am.(...)
But if you could just see the beauty,
These things I could never describe,
These pleasures a wayward distraction,
This is my one lucky prize. " [Isolation]
Talvez o Ian realmente não tenha bancado tantas coisas... o sucesso despontando, o casamento fracassado, a divisão entre Deb e Annik, as crises de epilepsia... É sempre impossível tecer opiniões deterministas sobre o suicídio de alguém.
Mas uma coisa eu me sinto quase que obrigada a dizer... Até o suicídio do Ian foi, em algum nível, poético, ao som do 'The idiot' do Iggy Pop, que por sua vez, ainda colhe referências do romance homônimo do Dostoievski.
É...Atmosphere, última música tocada no filme, também teve seu clipe dirigido por Anton Corbijn, que é o diretor de Control. Deborah Curtis, esposa, co-produziu o filme e escreveu o livro "Touching from a Distance", no qual o filme foi baseado.Sam Riley, o ator que interpreta o protagonista é tão perfeito, que eu diria "digno de uma sessão espírita".
Eu li Joy Division/New Order - nada é mera coincidência, da Helena Uehara... o título que mais me atraiu na Feira do Livro que fui ano passado, em Ribeirão. É um livro fácil, rapidinho, e cheio de referências legais pra quem curte os desdobramentos do Joy, na Nova Ordem...
+++
“Então é isso, a permanência - orgulho estraçalhado pelo amor / E aquilo que uma vez foi inocência, virado e deitado de lado / Uma nuvem suspensa sobre mim marca cada momento / No fundo da memória, aquilo que uma vez foi amor / Oh, como acabei por perceber, como eu queria tempo / Colocado em perspectiva, tão difícil de encontrar, eu tentei / Só por um instante, pensei ter encontrado meu caminho / O destino desdobrado - foi o que vi escorrer do meu alcance / Pontos de luz em excesso, além de todo o alcance / Exigências solitárias por tudo que eu gostaria de guardar / Vamos dar um passeio fora daqui, ver o que encontramos / Coleção sem nenhum valor de esperanças e desejos passados / Nunca imaginei as distâncias que teria que percorrer / Todos os cantos mais escuros de um sentido que desconhecia / Só por um instante, ouvi alguém chamar / Olhei para além do dia, que jazia em minha mão / Não há absolutamente nada por lá... / Agora que percebi como tudo saiu errado / Tenho de achar alguma terapia, este tratamento é muito prolongado / No fundo do coração do lugar onde a simpatia reinava / Tenho de encontrar meu destino, antes que seja tarde demais...”. [tradução da música 'twenty four hours'] ou, a carta de despedida de Ian... é isso.

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