sexta-feira, 11 de junho de 2010

atalhos

Estou naquele lugar que me é tão conhecido: entre a lírica e o silêncio. Engana-se quem me vê, pois do lado de fora o movimento se faz constante: 932 conversas paralelas, risadas, lamentos, música abafada pretendendo ser alta, meus amigos - de verdade. Na noite estou... procurando minhas novas formas. E eu me pergunto (em segredo) onde é a próxima estação, qual será a próxima música que irá tocar, que lembranças ela irá despertar, qual a próxima poesia que eu vou rabiscar, qual a quantidade de copos de cerveja que eu já bebi... Talvez essas respostas surgissem mais rápida e concretamente se eu parasse de tentar encontrá-las dentro de mim mesma e me permitisse olhar para fora. Isso é fato! Mas...essa noite não. Eu ainda preciso disso.
Recolhi os meus pedaços há um certo tempo, nessa minha jornada de 27 primaveras. Tenho concluído quase instintivamente que de nada adianta ser inteira nesse mundo escacado. Então, eu poderia até mesmo suplicar pelos meus pedaços de volta, just like os cacos do vaso vazio do poema do Alvaro de Campos.
E, na estrada do lirismo surge também a vaga lembrança da música: 'Eu não sei dizer, nada por dizer...então eu escuto...' Isso poderia ser um ensaio de filosofia de vida. Mas eu nunca dei muita importância p/ esse papo de filosofia de vida... Então, eu fecho os meus olhos, aqui, nessa mesma mesa, e penso nele com tanta força... Mas isso não me conforta mais... (E quem disse que vida seria fácil?) estou novamente de mochila nas costas, ansiando por qualquer atalho -até mesmo de volta...- porque hoje eu não quero ser inteira! Venho buscando, por esse caminho torto e desviado, nuances de toques que possam me emprestar, em frações de segundos, a sensação de nostalgia perdida-recuperada, que eu deixei naquele abraço...

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