quarta-feira, 17 de agosto de 2011

sabe-se lá

gosto de dias assim: quentes no inverno. e dessa minha correria absurda em busca de sabe-se lá...

gosto de acordar cedo (depois da odisséia que é levantar da cama) e encontrar meus alunos... os quais uma pretensa freireana não se atreveria a chamar assim. Educandos é um termo que cabe mais. já que alumni, a base latina da palavra, significa ausência de luz.

gosto de observar a minha insistente resistência à mercantilização da educação, ao tecnicismo forjado que nos é empurrado goela abaixo... me sinto meio 'guerreira', sem ser idiota, sem viver restritamente de 'causas'... eu gosto. gosto do tempo 'gasto' com isso. Ou das minhas discussões na hora do almoço sobre a ineficácia das políticas sociais, visto que são conquistas do povo no sentido do conhecimento e da militância, porém, mais sobressalente que isso é a visão delas serem engrenagens pra esse sistema que tem como pano de fundo a desestrutura pela corrupção e a desilusão. E aí, a gente busca as brechas...as brechas do contato humano... das entrelinhas da subjetivação. Da lírica, por que não? E tem muitos dias em que eu acho isso bonito.

Gosto de trabalhar com educação, de trabalhar com o chamado social (seja lá o que isso for!). Gosto do cenário bizarramente contraditório com o qual eu me deparo diariamente, e como eu alterno a dança entre os compassos da bailarina esquizofrênica e da mulher que medita para visualizar o global - ou para não visualizar nada. Eu vomito letrinhas escritas como eu quiser e palavras também, em todos os cantos. Vim para essa vida, para comunicar...tantas coisas. A sensação de tempo escasso quando pego um livro para ler é novidade, mas insisto... mas escrevo, escrevo, escrevo... às vezes, quase compulsivamente, às vezes como cura, ou como procura mesmo.
Não negar a realidade é a maior de todas as conquistas. e a liberdade talvez consista em compreender com a cabeça e o coração que nem todos têm a mesma opinião que nós, e isso pode ser irreversível. as afirmativas negadoras surgem: não estamos certos em tudo. não conseguimos nada sozinhos. não podemos ser egoístas (mas sei que isso soa como ensaio de devaneio).

hoje em dia, não me sinto mais babaca em poder afirmar que acredito na união das pessoas. mesmo conhecendo (e bem) toda a podreira que nos cerceia...para isso eu desvio o olhar, eu me manifesto como me cabe. acredito em muitas coisas, mas não cegamente, reconheço contextos, conheço as bases sócio-históricas. Às vezes me deixo enganar sim, ou finjo que não vi: sintomas da contemporaneidade... resignação? não sei... sobrevivência talvez. mas preciso pulsar, e fazer conexões, sentidos, pontes, ressonar por toda essa gente. não dá para fazer diferente quando se tem afeto.

e...se um dia eu cansar de tudo isso, ainda tenho as montanhas e meu refúgio nos braços do carinha que mais me apetece por ora.

sabe-se lá...

2 comentários:

Guto disse...

'amor fati', minha pequena!
eu achei a sua tatoo muito massa. foi o gabriel quem fez?
beijo indiano

Joanne Sometimes disse...

rs...nossa é mesmo, agora que eu me dei conta que esse ensaio de devaneio foi 'amor fati' total...
acho q eu ando trabalhando demais!
não foi o gabriel não... foi uma amiga minha que fez, ficou massa mesmo né! :)
saudades multicoloridas