sábado, 14 de abril de 2012

de volta às origens?

O Madame Satã foi um dos lugares mais marcantes da minha vida. Amizades encontradas, reforçadas, amores ocultos desvelados, sexo por diversão, diversão por si só. Os oito copos de vodka que eu conseguia beber em uma noite (hoje, se beber um já passo mal) me denunciavam que eu tinha muito, muito tempo pela frente.
Eu, desbravadora de conexões que sou, aos 19 anos dizia que frequentava a pista do madame para me conectar a minha identidade, para me reorganizar. E tantos anos se passaram até 2007 (acho) que foi quando a casa fechou.
Dizia aos outros que me sentia meio orfã com o fechamento do Madame, mesmo fazendo muito tempo que 'andar de preto' não tinha mais algum sentido pra mim. Sempre achei isso meio balela e nunca me preocupei muito em defender que participava ou não de algum movimento. Eu me vestia do jeito que eu gostava. Só isso. E sempre foi assim.
Logicamente, o movimento da vida me impulsionou a encontrar outras referências, outros lugares especiais de ressonância. Acho que a gente precisa disso pra sobreviver. Eu preciso pelo menos.
Até que... há uma semana eu retornei ao Madame, que reabriu e agora é só Madame. Já tinha um tempinho que a casa havia reaberto, mas esperei a Re vir p/ SP (que era minha grande companheira de noite) pra gente ensaiar um 'revival básico'.
Foi incrível. O Madame está bonito sem perder a característica supostamente underground. Foi curioso perceber que me reencontrei nos tijolinhos ainda desalinhados da casa e na pista de dança de acordo com os acordes que ressoavam.
Eu e a Re quase apostamos que não conseguiríamos dançar a noite inteira, como fazíamos e para a nossa surpresa chegamos na minha casa (hoje em dia moro bem perto do Madame) as 8 da manhã.
Sim. There is a light that never goes out. E isso me faz muito feliz, porque  percebi que mesmo não sendo mais a mesma (que bom!) eu, em partes, ainda sou.
Sim, o Madame ainda continua fazendo a sua função identitária comigo. Afinal, ainda continuo sonhando enquanto as outras pessoas dançam.  E me senti com 19 anos de novo. Talvez porque, em suma, ou da minha perspectiva existencialista, o tempo não tenha passado. Eu me sinto com o mesmo entusiasmo com/sem motivos (e para que tê-los, afinal?), talvez inclusive, um pouquinho melhorado. E, agradeço por constatar novamente que próxima dança sempre virá...

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