segunda-feira, 30 de junho de 2014

registro urbano

O meu registro de hoje é urbano, disperso, sensorial, pendente. A pendência daqueles que têm menos tempo para escrever do que gostariam. A curiosidade daqueles que caminham pelas ruas do centro de SP com o ouvido naturalmente conectado em algumas conversas inúteis e os olhos registrando imagens aleatoriamente. Encontros...
Hoje, eu vi um menino que não parava diante dos carros. Ele simplesmente ia, arriscava. As suas roupas rasgadas e o seu olhar supostamente aventureiro compunham uma imagem, nem de longe rara, aqui no centro..ou na periferia. Mas, hoje, ele me pegou. E guardei a sua coragem mixada com o seu sentimento de ‘nada a perder’ dentro de mim.
E eu? Tenho aqui a minha parcela de coragem... e me reservo ao direito de ter a sensação de ‘nada a perder’ em alguns momentos. Eu só tenho a minha pele. E as minhas percepções, sensações, observações. Eu-construída... diluída por entre as luzes dos faróis dos carros no trânsito sem fluxo do centro da cidade. Eu fluo... não mais preocupada em fundamentar teorias. Essa fase já passou. Eu sigo...acolhida, e, não por acaso, acolhendo. Estou em casa... em qualquer que seja o lugar.
Eu...que questionei o sentido de unidade quando conheci o de integralidade... sou tantos. Sei ser. E resgatei  o primitivismo do sentir. Sem medo. Todos moram dentro de mim. Olho minhas mãos...minhas pernas já sem pressa. O apelo insistente dos encontros forçados no centro de São Paulo que se dão a todo momento. É gente para todo lado. E no meio de tantos, aprendi a encontrar a paz aqui do lado de dentro. Meu corpo é minha casa: a única, exclusiva e verdadeira. Hoje, não por acaso, eu consigo sentir o quanto me pertenço.
E a minha vida dança em mim...

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