terça-feira, 23 de junho de 2015

Dos lugares e referências: a força do território que reside em mim.

Sempre me relacionei com territórios. Sempre me relacionei com literatura e a arte.Sem querer levar o texto para o tom acadêmico (não mesmo!), mas a definição da Iamamoto acerca do território enquanto tecido vivo de contradições e vulnerabilidades (entendendo aqui a vulnerabilidade também como uma oportunidade) me fascina.Milton Santos que, para além do conceito de espaço geográfico e natural, trouxe também novas nuances para essa compreensão. Desde a horizontalidade e a verticalidade nas relações estabelecidas, ou mesmo pensando a gama de subjetividades manifestas na malha do lugar. Do aqui. E o aqui, fenomenologicamente também sempre me atraiu.É... Sempre me relacionei com territórios. Percebi isso, com ainda mais força, quando, ao deixar São Paulo, observei em mim uma necessidade muito forte de não só me despedir dos meus amigos... eu precisava me despedir dos lugares, e de tudo que eles me contaram, e certamente ainda contarão para mim, ao longo da minha existência.Desde o pôr do sol na periferia de São Paulo, onde eu trabalhava com Medidas Socioeducativas e fazia as visitas domiciliares uma vez ao mês, o pôr do sol que tingia com cores belas um cenário vulnerável. Sempre achei que na periferia a maioria das pessoas se relaciona com o espaço de uma maneira mais próxima e com mais identidade.E me orgulho de ter crescido em um bairro periférico e lá ter amadurecido meu olhar para as contradições cotidianas e para as necessárias subversões. Até o dia em que eu optei por morar no centro.O centro de SP me fala de amor e de história. De diversidade cultural... ele também me diz que preciso ser forte...de ferro (tipo Itabira para Drummond) e que há uma certa dose de beleza na decadência, afinal, ela também é humana.Morar no centro me fez reforçar o lugar conquistado no lado de fora..no underground, E entender que a inadequação pode ser sim bem legal. E seguir caminhando pelo 'wild side'...Apreendi tantas coisas, lançando meu olhar Roseano, ora poético e ora sociológico e político...Nas montanhas do sul de Minas eu entendi que preciso olhar o horizonte para me reorganizar...e posso ficar fazendo só isso por horas e horas seguidas sem me preocupar com as chatices virtuais da atualidade: preciso da natureza.Estou em trânsito... Seguindo agora pela Serra Gaúcha, e por mais quantos espaços eu sentir que devo que andar.E tecer sartreanamente novos sentidos (ou como Simone de Beauvoir): O que importa é a bússola Existencial que me norteia no encontro com as pessoas (humanisticamente), e respeita o meu tempo próprio para me mostrar.Às vezes quero ser quieta. Coisa de criança introspectiva... mas sei que tenho muito a comunicar.Você se sente acolhido pelo território quando compreende (e sente) que a sua primeira casa está no seu corpo, na sua senso percepção... E aí, deixo o frio que vem lá de fora se instalar e olho para esse novo momento.Escrevo sobre educação não formal traçando convergências com o conceito de cidade educadora. Ansiando a prática do conceito: a Universidade como prestadora de serviços reais para a comunidade.Nessas horas eu me reconheço como uma criadora de possibilidades. E criar novos sentidos me faz cantar a verdadeira canção do meu coração.


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