domingo, 8 de agosto de 2010

uterino

eu acho que toda mulher deveria ler a Martha Medeiros. ou não. digo que eu, pelo menos, deveria ter lido, com mais atenção, a Martha há alguns anos. não é segredo para ninguém que faz parte da minha vida que venho me sentindo cada vez mais mulher desde os últimos tempos que se instalaram... e talvez a tendência seja o aprofundamento cada vez maior, nestes novos tempos que se abrem! e, sei lá... venho me lembrando, com força, da menina dos 18, 19, 20... eu sempre achei sexismo babaca, mas o fato é que essa menina sempre apresentou muita resistência em aceitar que existem certas peculiaridades que envolvem o 'funcionamento' masculino e o feminino. a começar pela palavra funcionamento que eu nunca aceitei bem, e a terminar pelo fato de que eu sempre me considerei existencialista o suficiente para aceitar que cada pessoa age (ou poderia agir) da maneira que lhe faz sentido.
Hoje? Às portas dos 28, conservo minha (enorme) porção existencialista... e mais tantas porções fluídas ou mais concretas que me compõem, mas o 'mundo feminino' me vem sendo mais próximo... e eu não sei ao certo o que isso pode significar. mas é legal!
Voltando à Martha. Tem sido a literatura que mais me apetece ultimamente (entre escritos do trabalho, pós, jornal do dia, etc...). São as letras uterinas da Martha que têm me acompanhado nas pausas para o café, no descanso após o almoço e no metrô-frio-noturno, voltando para casa.
***
crazy é uma palavra que confere certo humor à loucura
parece que se é uma louca divertida, supercrazy, perso-
nagem de gibi
alegre, magnética, cabelo colorido, uma destrambelhada
que ri
crazy é uma palavra que não descreve a minha inversão
sou louca em português, very absorta, nada institucional
desajuste silencioso, independente, que não se cura nem
se cobre com bandeide
crazy não me intitulo, tenho a fachada sã e não trago o
riso solto
meu desvio é genético, louca de berço, pura, sem aditivos
loucura genuína não se produz e a américa nada tem a
ver com isso
crazy é bacana, crazyland, terra dos que estão em paz e
fumam
a noite inteira gargalhando, beijando-se uns aos outros,
just fun
o que sinto é mais uterino, absolutamente pessoal e
profano
crazy, sou às vezes
louca, doze meses por ano
(Martha Medeiros)

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