segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O rio

 O sol caindo no rio Amazonas -      Dez/2013

Hoje eu me despeço do rio, olhando ele assim de frente, como eu pude olhar para a história da minha vida, nesta primeira viagem da minha jornada pelo norte.  É mania minha mesmo essa, a de revisitar os meus 31 anos a cada nova experiência integrada.
As águas do rio Amazonas me fascinam desde a quinta série, nas aulas de geografia, visto das apostilas conteudistas lá do Objetivo.
E, então,  nesta nova jornada, eu tive o privilégio de assistir a sucessivos momentos de  por do sol. Com a alma no rio. Eu-rio. Nos leitos das águas do Amazonas eu pude (também) me encontrar. E me reconhecer.
E me relembrar também, do conto do Guimarães, tão presente nas minhas lembranças para traduzir o indizível: E eu, rio abaixo, rio afora, rio acdentro...o rio. Só isso... hoje eu só preciso do rio.
O rio me remete ao inconsciente arquetípico e uterino, à geração do sagrado feminino, as águas em movimento me lembram que eu também sou água em minha composição...e também estou em movimento e tenho a flexibilidade necessária para me adaptar, mesmo convivendo com o sentimento de inadequação (talvez necessário).
O sol descendo e desaparecendo por trás do Amazonas fica como a lembrança mais bonita dessa viagem... eu-brilho, eu-refletido no astro rei: tenho também os meus momentos de ascensão e de poente. As gotas douradas, iluminadas pelos raios solares são como faíscas de luminescência que brotam de mim, nos meus momentos de plenitude.
Eu: integrada, não mais com tanta ânsia por entender...entendi, por acaso,  o que eu vim fazer em Belém do Pará...terra desse encontro e de mais alguns encontros necessários. Eu vim desbravar, porque não consigo compreender a vida sem esse movimento de desvelar o que não me é conhecido. E, eu descubro, nas coisas mais simples da natureza, o tamanho e a profundidade da minha força-corrente de leito. E eu rio - dessa felicidade despreocupada que me invade e transborda por todos os meus afluentes...

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